sábado, 14 de janeiro de 2012

O Relógio


Luiz Sanches

Para cada ano de vida a mais que tenho
cada ano de vida a menos tenho
O relógio tal martelada não se importa
em decretar a morte do último segundo

Se não entro no seu passo
continuo sendo arrastado sem perceber
pelo ponteiro que me aponta.
Se não ligo e o desligo, quando me ligo,
percebo o quanto estava desligado

O tempo não tem inicio nem fim,
mas quando termina dá uma vontade de voltar...
Posso até fingir que não o vejo passar e ser jovem
ou acrescentar anos que nem os possuo
mas ele vai me marcar com tantas horas, dias, anos...

Posso tapar os ouvidos para o relógio da igreja,
para o relógio pregado na parede que grita de noite
Posso até colocar em extinção aos cucos.
Mas um dia o meu relógio irá parar quando
o meu tique-taque parar de bombear

As vezes o relógio toca no meio da madrugada
vou atender para ver o que é
e ele me diz: tua vida é uma contagem regressiva
vive agora que amanhã a esta hora
sabe-se lá se dá para viver até de manhã

Aí deixei de atrasar o relógio
para ter um tempo a mais: pouco adianta!
Nem mesmo o adianto para não atrasar.
Não adianta mesmo!

Acho que o melhor é viver
não importa a década que me faz decadente
não importa o minuto que computo
não importa o segundo nem o terceiro

O que me importa mesmo é este agora...
é, não... desculpe. O que me importa mesmo
é este agora... Ops, desculpe mais uma vez...
o que me importa mesmo é este agora.